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17 setembro 2011

Seria a “beleza” um fardo?

Texto publicado no blog:Blogueiras Feministas
Por:Cláudia G.

Quem nunca se deparou, na busca por uma oportunidade de emprego, com a seguinte afirmação em algum anúncio: “desejável boa aparência”? Provavelmente, grande parte de nós. E sempre achei deveras jocosa a idéia da exigência de uma “boa aparência” até mesmo para funções que não necessitam expor tanto assim a própria imagem, como no caso de modelos. Aliás, acho válido (e justo) questionar: “boa aparência” em relação a quê? Para agradar a quem?
Foto:blog.femmecomunicacao.com.br
Nesta semana, eu estava folheando algumas revistas em uma banca de jornais quando uma manchete em especial, da Revista Cláudia, edição 600 – Setembro/2011, chamou a minha atenção. A reportagem, com o título Beleza que dá trabalho, discorre sobre um estudo recente dos economistas israelenses Bradley J. Ruffle e Ze’ev Shtudiner que “revelou” que mulheres consideradas “bonitas” têm até 30% menos chances de serem chamadas para uma vaga de emprego, quando comparadas a outras consideradas “normais”. O curioso é que quando alguns recrutadores foram questionados com relação ao estudo, todos revelaram que o que vale para um recrutamento é um currículo que denote competência. Mas será que na prática é assim mesmo que funciona?
A beleza, conceito tão subjetivo e irrelevante quando pensamos em qualidade profissional, está profundamente arraigada ao juízo de valor que fazem das mulheres. Mas por que dão tanta importância a este assunto, sobretudo quando o que deveria ser levado em conta é a capacidade, o talento e uma série de outras qualidades inerentes a uma funcionária? A resposta é muito mais simples do que pensamos: a mulher ainda é vista como “decorativa”, como se tudo que ela fizesse fosse menos importante que a sua aparência. Aparência, que obviamente, deve estar dentro dos padrões.
Será que tal estudo é motivo para nos deixar felizes? Por que não fazem estudos deste tipo com homens, em igual escala? Qual a razão para mulheres mais bonitas terem supostamente, menos êxito na busca por um trabalho? Eu penso que não. E ao meu ver, um estudo como este só visa reforçar ainda mais a objetificação da mulher e muitos outros etereótipos que a envolvem. E colaborar para que cada vez mais, ela molde sua imagem para atender à necessidades que não são as suas.
Acho pertinente ter contato com este tipo de conteúdo, porque ele demonstra e comprova o que muitas teóricas feministas contemporâneas abordaram em suas obras: a beleza é utilizada amplamente para diminuir e tornar mais lenta a libertação e o êxito do sexo feminino em todos os setores. Temos assim mais elementos para discutir e repensar tal condição.
E para finalizar, um ponto importante: 90% dos anúncios presentes na revista são de produtos que “vendem” beleza. Bem controverso, não?


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